Valdemar desafia Moraes a explicar sua participação no julgamento do 8/1: ‘Ele quer se proteger ou se promover?’

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O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, fez duras críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que é o relator dos processos envolvendo os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do próprio STF.

Em entrevista à CNN Brasil1, Valdemar Costa Neto condenou a invasão aos Três Poderes, mas questionou a “imparcialidade” de Moraes, alegando que ele se colocou como vítima no caso e, portanto, não poderia ser o juiz dos acusados. “Ele mesmo se colocou como vítima. Então, como uma vítima pode assumir um papel de juiz e julgar alguém? Dessa forma, fica claro que todos esses julgamentos devem ser anulados”, afirmou o líder do PL, defendendo o impedimento do ministro.

Quais foram as motivações de morais?
Valdemar Costa Neto também levantou suspeitas sobre as motivações de Moraes ao julgar os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, insinuando que ele estaria agindo por interesses pessoais ou políticos. “Ele quer se proteger ou se promover? Ele quer fazer justiça ou vingança?”, questionou o presidente do PL, fazendo referência à severidade das penas aplicadas pelo ministro.

Segundo dados do STF2, até o momento, mais de 1.400 pessoas foram presas pelos atos de 8 de janeiro, sendo que 938 delas permanecem detidas. As penas variam de 5 a 17 anos de prisão, além de multas e indenizações. Entre os crimes imputados aos acusados estão terrorismo, dano ao patrimônio público, incêndio, furto, lesão corporal, resistência, desobediência e associação criminosa.

A invasão aos Três Poderes foi considerada um ataque à democracia brasileira e uma tentativa de golpe de Estado, inspirada na invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que também não reconhecia a derrota nas eleições. No Brasil, os manifestantes alegavam que houve fraude nas eleições de 2022, que deram a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).

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A invasão aos Três Poderes causou um grande prejuízo material e moral ao país, além de deixar feridos e mortos. Segundo um levantamento da CNN Brasil, os danos causados pelos atos de vandalismo superaram a marca de R$ 16 milhões, sendo que o STF foi o mais afetado, com um custo estimado de R$ 10 milhões. Além disso, quatro pessoas morreram durante os confrontos, sendo dois policiais militares, um manifestante e um funcionário do Congresso.

A reação dos demais poderes e instituições foi de repúdio e indignação. O presidente Lula decretou intervenção federal no Distrito Federal para assumir a segurança pública até o fim de janeiro e convocou uma reunião de emergência com os presidentes do Senado, da Câmara e do STF, além de governadores e líderes partidários, para discutir medidas de defesa da democracia. O Congresso Nacional aprovou uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os atos de 8 de janeiro e seus financiadores e articuladores. O STF abriu um inquérito para apurar os crimes cometidos pelos invasores e determinou a prisão preventiva de vários líderes e organizadores dos atos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

A sociedade civil também se manifestou contra os atos de 8 de janeiro, realizando atos pacíficos em defesa da democracia e da Constituição em várias cidades do país. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgaram notas de repúdio aos ataques e de apoio às instituições democráticas.

Um ano após os atos de 8 de janeiro, o país ainda busca se recuperar dos traumas e dos prejuízos causados por aquele dia. A CPMI do 8 de janeiro deve apresentar seu relatório final em fevereiro, com as conclusões das investigações e as recomendações de providências. O inquérito do STF ainda está em andamento, com o ministro Alexandre de Moraes conduzindo os interrogatórios e as diligências. O processo de impeachment do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi aberto pela Câmara dos Deputados em março de 2023, está em fase de análise pelo Senado Federal, que deve votar o parecer da comissão especial em breve. O ex-presidente nega qualquer envolvimento nos atos de 8 de janeiro e se diz vítima de perseguição política.

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